quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Inhu hanügü ügühütu: oficina de produção de colares

Enquanto uma equipe viajava para o território de antigas aldeias (ver postagem anterior), outro grupo deu início a uma oficina de produção de colares a partir da concha do caracol inhu. Estes objetos são usados como enfeites nas festas e têm um enorme valor de troca na economia alto xinguana. O evento aconteceu entre 20 e 30 de outubro na aldeia kalapalo Aiha e envolveu mais de 20 participantes, entre adultos, jovens e crianças.

O trabalho foi coordenado por quatro mestres artesãos (Waja, Masinua, Juaikumã e Jaua Kalapalo), que explicaram todo o processo, desde a escolha das conchas até a finalização dos colares.


Juaikumã Kalapalo fala sobre a seleção das conchas

Processo de corte com faca, antes das serras manuais e elétricas


Uma única peça furada e lixada.
São necessárias duzentas como essa para um colar masculino


Seleção das peças para a composição de um colar

Organização das peças por tamanho

Trançado das peças



Três colares masculinos antes da finalização



Dois colares masculinos finalizados

Ao todo foram produzidas 13 peças diferentes, que ilustram a variedade de objetos confeccionados a partir desta matéria prima.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ngiholo etupe ingitepügü: visita às aldeias dos antigos

Entre os dias 20 e 24 de outubro uma equipe do Prodoc Kalapalo viajou a sete sítios históricos: Kahindzu, Nhütisüpe, Apangakigi, Nhagü Hatoho, Kunugijahütü, Kuapügü e Kalapalo, localizados a oeste do rio Culuene, no sul do Parque Indígena do Xingu (MT).

A viagem foi parte do projeto "Inhu Tüilü Ügühütu" ("Os costumes do trabalho com o caracol inhu"), cujo objetivo foi resgatar, documentar e fortalecer a produção de cintos e colares a partir da concha de um grande caracol conhecido como aruá-do-mato (Megalobulimus sp.).





A fabricação desses objetos é uma antiga especialidade dos Kalapalo, e na região visitada há vários lugares utilizados para a coleta de conchas possivelmente desde a primeira metade do século XVIII. A intenção da viagem foi documentar o processo de coleta, realizar um mapeamento da região e documentar o conhecimento etnohistórico sobre os sítios. O percurso foi guiado por dois mestres de histórias e documentado pela equipe de pesquisadores e cinegrafistas do Coletivo Kalapalo. Disso resultará, inicialmente, um curta-metragem sobre a etnohistória Kalapalo e um mapa. Planeja-se produzir também, em parceria com os professores indígenas, material didático (em kalapalo) sobre a história e geografia daquela região para a Escola Estadual Indígena Kalapalo. A comunidade ficou muito empolgada com a viagem e com os produtos que resultarão dela, e já começam a planejar outras duas viagens para a documentação de mais sítios históricos.







Vestígios arqueológicos: pedaço de cerâmica encontrado no caminho.